Revirando rotinas.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Heróis.

Esta semana fomos entrevistar um senhor e quando chegamos ao local marcado, na sala ao lado havia um velório. Era uma senhora que dizem muito sofrida. Era uma movimentação meio estranha, algumas pessoas na porta como se esperassem algo ou alguém. Logo vem se aproximando um carro com placa branca, por um momento até achei que fosse da prefeitura, mas quando chegou a uma distância que meus olhos enxergassem o que nele estava escrito, vi que era da Secretaria de Segurança do Estado.

Agentes penitenciários estavam levando o filho da senhora para o velório. Mas antes de que ele saísse do carro, desceram os agentes, armados e vestindo coletes à prova de balas. Ele desceu, algemado certamente, e foi em direção ao caixão, onde permaneceu até a benção final. Além da frieza dele, o que me chamou a atenção foi a reação das pessoas que ali já se encontravam. Todos o tratavam de uma maneira diferente, até estranha. Parecia um herói por ter vindo do presídio, era como se ele fosse mais do que todos os ali presentes. Não sei qual foi o delito ou mesmo se houve algum.

Notei uma menina que atravessou a multidão de pessoas só para tocá-lo e dar oi. Ele mal a olhou. Não sei se foi isso realmente, mas ali ele era visto como um salvador, alguém completamente díspar. Talvez um herói por ser aquele que saiu daquela realidade, mesmo que tenha ido para outra realidade meio torta. Heróis já vi aos montes, alguns da vida real e ainda os de filmes e desenhos animados, mas nenhum podia ser comparado a ele.

Qual a definição certa de herói? No dicionário consta, entre tantos significados, “o protagonista de qualquer aventura histórica ou drama real”, “homem elevado a semideus após a morte, por seus serviços relevantes à humanidade”, “personagem preeminente ou central que, por sua parte admirável em uma ação ou evento notável, é considerada um modelo de nobreza” e, ainda, “personagem masculina principal de um drama, poema ou romance”. Agora, conversando sobre o assunto, uma amiga mencionou sobre ter heróis de verdade e de mentira. Os de mentira seriam personagem de desenhos animados e o de verdade seria seu avô.

Não sei se meus personagens preferidos chegavam a ser heróis, nunca liguei muito para isso, ou pelo menos não os nominava desta maneira. Gostava da princesa Sara, do Cavalo de Fogo, do Robin Wood, roubando dos ricos para dar aos pobres e também por ele ser engraçado, e, ainda, o Papai Smurf e a Smurfete, o primeiro porque mandava e ela porque era a única menina. Mas fica interessante pensar sobre o assunto quando crescemos, porque os conceitos mudam, muito em função dos olhares e as experiências mudarem. E se mudam, que bom, pois a mudança faz parte da evolução. Me atraem as mudanças que resultam de qualquer tipo de reflexão e quando demonstra, de uma forma ou de outra, evolução.

Hoje ficaram na lembrança os desenhos animados; não que os tenha abandonado. Atualmente os heróis são outros. Talvez sejam adultos ou mesmo crianças, que enfrentam todas as formas de preconceito, que batalham dia após dia para não caírem no esquecimento do mundo e retirarem dele o que necessitam para uma vida minimamente digna. É aquele velhinho cuja imagem nunca se perdeu na minha mente, de pés rachados entrando no ônibus, ou meu pai me buscando de bicicleta no colégio e me levando para a obra onde trabalhava para esperarmos a hora de ir para casa.

De alguma forma, torta ou não, para alguns aquele jovem é herói.

(publicado em www.claudemirpereira.com.br)

1 Comentários:

  • Que diver, até eu tô no teu texto. hehehe

    Adoro heróis e meu vô é o meu atualmente! Mas, quando pequena, queria ser a Sheera ou o Superman.

    Realmente os conceitos de heróis mudam com o tempo... e esse cara do início do texto, pra quem vive uma realidade diferente da nossa, de repente é o herói de alguns deles.

    Por Anonymous Anônimo, Às quarta-feira, 19 novembro, 2008  

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