Revirando rotinas.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Por favor, convidem os aniversariantes.

Adoro aniversários. Gosto da movimentação dos dias anteriores. Na verdade, gosto mais disso que propriamente do dia das comemorações. No meu aniversário fico contando os dias e as horas. Falo para todo mundo, faço planos que nunca saem do papel ou da minha cabeça. Neste ano, no 21 de setembro, dia da Árvore, não saí de dentro de casa, a não ser para almoçar. Os únicos dois presentes que ganhei foram dados na sexta-feira anterior, um vestido e um cinto. E isso nem é em tom de reclamação, tenho vergonha de ganhar presentes, não sei o que fazer nem o que falar.

Se não gosto do presente não sei disfarçar, prefiro não ganhar a ter atitudes falsas. Tenho várias experiências com aniversários (dos outros), que vão desde bolo de banana até... Tinha uma vizinha que morava em Caçacã, uma localidade de São Borja, e vinha fazer a festa do aniversário dela na casa da avó, a dona Zeli. A mãe dela, em um destes aniversários, fez um bolo e achou que estava abafando. Um bolo de banana. Não que seja ruim, mas para as várias crianças que lá estavam, oferecer um bolo de banana é como oferecer cebola ou camarão para mim. É pedir para receber um não bem redondo como resposta.

Também tenho algumas experiências mais recentes em comemorar aniversários de amigos sem que os mesmos estejam presentes. Uma vez fizemos uma festa para um colega, e como na Secom as festas de aniversários eram surpresas, ele não sabia. Depois de muita espera, bolo, salgadinhos e refrigerantes, veio a notícia de que ele estava viajando. Por um lado foi bom, pois o bolo, ou melhor, os bolos de R$3,90 cada eram horríveis, beirando o pão com chimia. Nada contra pão com chimia (adoro pão com chimia de abóbora), mas é pão com chimia e não bolo de aniversário. Os salgadinhos também não eram dos melhores. O padeiro era o mesmo.

A Lurdes também já nos viu algumas vezes em seu bar comemorando o aniversário de pessoas ausentes, seja porque comemorar conosco não estivesse nos seus planos ou pelo simples fato de não terem sido convidados. “Cadê o fulano?”. Eu respondo: “Ops, esqueci de avisar que iríamos comemorar o aniversário dele”. Enfim. São coisas da vida. Ontem era aniversário de uma colega de trabalho, adorei a parte de ficar pensando no que faríamos para ela. Docinhos? Salgados?

“Numa festa de aniversário, apareceu, entre números de piano e canto (ah! delícias dos saraus de outrora!), apareceu um mágico com a sua cartola, o seu lenço, bigodes retorcidos e flor na lapela. Nenhum de nós se importaria muito com a verdade: era tão engraçado ver saírem cinqüenta fitas de dentro de uma só... e o copo d'água ficar cheio de vinho...Edmundo resistiu um pouco. Depois, achou que todos estávamos ficando bobos demais. Disse: "Eu não acredito!" Foi mexer no arsenal do mágico e não pudemos ver mais as moedas entrarem por um ouvido e saírem pelo outro, nem da cartola vazia debandar um pombo voando... (Edmundo estragava tudo. Edmundo não admitia a mentira. Edmundo morreu cedo. E quem sabe, meu Deus, com que verdades?)”. Este texto foi escrito por Cecília Meireles, nascida em 7 de novembro de 1901 e falecida em 9 de novembro de 1964.

Hoje é aniversário do meu amor, que me enche de alegria todos os dias. Não tenho chapéu de mágico, não sei tirar pomba de cartola, mas vou colocar meu vestido mais bonito e a sandália nova para comemorar com ele. Fazer a entrega dos presentes que passei a semana toda envolvida, sem saber o que comprar, pensando se ele vai gostar das minhas escolhas.

* Espero que ele não esqueça e que eu já o tenha convidado...

(publicado em www.claudemipereira.com.br)

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