Revirando rotinas.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Outros bem baratinhos que comprei por aí.

O brinco do qual mais gosto foi presente de uma querida amiga. Ela foi para a Itália a trabalho e me presenteou com a jóia em forma de máscara, as famosas máscaras do carnaval de Veneza. Destes, os mais apreciados artefatos são confeccionadas em Florença e Veneza, na Itália. Eram muito utilizadas pelas damas da nobreza do século XVIII, numa clara demonstração de sedução. E elas deviam seduzir muito. Consta que os bailes de máscaras ganharam força e tradição em meados do século XVI, depois de introduzidos pelo Papa Paulo II.

Aqui no Brasil as máscaras chegaram para o carnaval, assim como as fantasias que começaram a fazer parte do figurino dos foliões, no século XIX, junto aos bailes da elite, em contraste com as festas populares nas ruas. A partir daí o carnaval foi ganhando a forma que é hoje. Apesar disso, esta grande festa da cultura do país chegou a solo brasileiro com as primeiras caravelas portuguesas, ainda na época da colonização.

Máscara vem do árabe maskhara, com o significado de zombaria. Substantivo feminino, artefato que representa uma cara ou parte dela e que se coloca no rosto para disfarçar a pessoa que o põe, entre outros significados. Também definida com o sentido conotativo de disfarce, dissimulação ou falsa aparência. Ela não é específica somente para o carnaval, em nosso dia-a-dia vemos as máscaras por aí, nas suas mais diversas formas. Na televisão os super-heróis que as crianças idolatram usam máscaras para esconderem sua verdadeira identidade ou tornarem-se pessoas que não são. Seria usada como motivadora ou transformadora?

Nos centros de estética as mulheres se valem de máscaras de beleza para obterem resultados positivos. Máscara de pepino, máscara de abacate ou da fruta que for. Se traz os efeitos desejáveis, ótimo. Seria um empurrãozinho na autoconfiança? Artistas também usam máscaras quando interpretam seus papéis. É a busca por aplausos e aprovação?

Qualquer indivíduo é dotado de personalidade, que não deixa de ser uma máscara para enfrentar as relações interpessoais diárias pelas quais temos que passar. Ninguém consegue viver sozinho, e para isso, as máscaras/personalidades têm de ser postas para fora e sob a aceitação alheia.

A primeira máscara que se tem notícias é do período paleolítico, de 3.000 a 10.000 antes de Cristo. Foi descoberta em 1914, gravada nas paredes de uma caverna em Ariegè, nos Pirineus, entre França e Espanha. Mesmo sendo tão antigo o primeiro registro, sem a certeza do real motivo para sua confecção e usos, as máscaras continuam por aí, e não é necessário que elas se materializem. Ela está em palavras, gestos, caras e bocas, frases, e disso temos tantos exemplos. Caras escondidas, frases veladas, nomes distorcidos e pessoas que não conhecemos.

Todos usamos máscaras, resta saber o real motivo para tanto, se para esconder, brincar ou apenas transferir o que realmente somos para aquilo que desejamos e não faz parte da realidade. Não sei se o presente da Jeanne teve alguma conotação, mas continua sendo o que mais gosto. Depois vem o de coração em madrepérola, também presente, o outro de coração na cor cobre e outros bem baratinhos, de coração também, que comprei por aí.

(publicado em www.claudemirpereira.com.br)

1 Comentários:

  • Eu li este texto no dia em que foi publicado. Muito bom. Te puxou hein?! hehehe
    Gostei mesmo, bem elaborado e possui uma rica pesquisa.
    Viu que aquele cara se mandou do site do Claudemir?! Por que será?! ;)
    Bjos

    Por Anonymous Anônimo, Às terça-feira, 11 novembro, 2008  

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