Revirando rotinas.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Pessoas reais.

Quero protestar. Protestar contra a superficialidade feminina na televisão. Como mulher, me sinto inferiorizada cada vez que vejo uma atriz, sobretudo global, acordando em uma novela. Sabe quando pegamos nosso cabelo e, mesmo depois de ter feito aquela produção, ele não chega aos pés daqueles fios sedosos, volumosos e esvoaçantes de novela?

Quando acordamos, que nosso cabelo está todo torto, ainda mais eu, que tenho um redemoinho no coco da cabeça. Chega ser engraçado de ver. Eu queria só um dia ser atriz de novela para já acordar de cabelo arrumado. E isso só falando em cabelo. O que considero mais sensacional é que elas já acordam maquiadas. Até as atrizes coadjuvantes e as que mal falam. Pode não ter fala, mas tem um olho bem marcado.

Aquele delineador que nunca consigo passar no olho, aquele risco fino, de modo que pareça um traço natural, presente desde o início da vida. Não. Nem pensar consigo fazer. Mas elas já acordam assim. E as unhas... Sempre impecáveis! Aquelas garras vermelhas que mais parecem poças de sangue. Certo que estas belas mãos com dedos finos e longos não têm louças para lavar, muito menos um banheiro para arear.

Parece coisa de despeitada, mas não é isso. Só fico incomodada com coisas que não condizem à realidade. Talvez até com as que não remetem ao meu cotidiano. Supervalorização da minha condição de dona de casa e pobre assalariada que não pode ir ao salão todos os dias? Pode ser. Mesmo assim quero fazer minha reclamação.

Acredito que tenha começado a me revoltar quando andei olhando estas revistas do tipo Caras e Isto É Gente. Numa delas a principal matéria era sobre o casamento da Sandy, a irmã do Júnior. Era tanta frescura que foi me revoltando. Roteiro da festa, sigilo sobre o local, revista para evitar celulares e máquinas fotográficas. Por favor! Decerto ela é diferente de todos nós, pobres mortais. É. É a Sandy. Virgenzinha que vivia um conto de fadas, que só faltava casar com o príncipe encantado. Agora o conto de fadas está completo.

Podem dizer que é inveja. Mesmo assim, continuo revoltada. Quero pessoas reais nas novelas e nas revistas. Falem da crise do dólar, dos casos de nepotismo no Senado ou dos prefeitos eleitos e suas promessas reais para as cidades. Se bem que neste último caso a escolha pelos atores terá que ser bem mais criteriosa, não é?

(publicado em www.claudemirpereira.com.br)

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