Revirando rotinas.

sábado, 26 de abril de 2008

Oswaldo Montenegro.

Uma overdose de Oswaldo Montenegro. Sentimentos desconhecidos neste sábado às 11h39, deitada no sofá ao som de uma música boa. Nada de Créu ou mulheres melancias ou seja que fruta se pareçam suas bundas.

----------------------------------

Lua e Flor

Eu amava como amava um cantor
De qualquer clichê, de cabaré, de lua e flor.
Eu sonhava como a feia na vitrine,
Como carta que se assina em vão.
Eu amava como amava um sonhador,
Sem saber porque, e amava ter no coração
A certeza ventilada de poesia
De que o dia amanhece, não.
Eu amava como amava um pescador
Que se encanta mais com a rede que com o mar.
Eu amava como jamais poderia
Se soubesse como te encontrar,
Se soubesse como te encontrar.

-----------------------------------------

Condor

Quando voa o condor
Com o céu por detrás
Traz na asa um sonho
Com o céu por detrás
Voa condor
Que a gente voa atrás
Voa atrás do sonho
Com o céu por detrás

Quando voa o condor...
Ah, que que o vôo do condor no sol
Trace a linha da nossa paixão
Eu quero que seja mostrada no meio da rua e rolando no chão
Ah, que a gente despedaçe em luz
Ah, que Deus seja o que quiser
Explode a cabeça com olho de bicho mas com um coração de mulher

Quando voa o condor...
Ah, se fosse como a gente quer
Ah, e se o planeta explodir
Eu quero que seja em plena manhã de domingo e que eu possa assistir
Ah, que a miserável condição da raça humana procurando o céu
levante a cabeça e ao levantar por encanto escorregue o seu véu

Quando voa o condor...

-----------------------------------------
Bandolins

Como fosse um par que nessa valsa triste
Se desenvolvesse ao som dos bandolins
E como não e por que não dizer
Que o mundo respirava mais se ela apertava assim
Seu colo e como se não fosse um tempo
em que já fosse impróprio se dançar assim
Ela teimou e enfrentou o mundo
Se rodopiando ao som dos bandolins
Como fosse um lar, seu corpo a valsa triste iluminava
e a noite caminhava assim
E como um par o vento e a madrugada iluminavam
A fada do meu botequim
Valsando como valsa uma criança
Que entra na roda, a noite tá no fim
Ela valsando só na madrugada
Se julgando amada ao som dos bandolins

---------------------------

Metade

Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio
que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca
porque metade de mim é o que eu grito
mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza
que a mulher que amo seja pra sempre amada
mesmo que distante
porque metade de mim é partida
mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
apenas respeitadas como a única coisa
que resta a um homem inundado de sentimentos
porque metade de mim é o que ouço
mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir emborase transforme na calma e na paz que eu mereço
e que essa tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada
porque metade de mim é o que penso
mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
que o espelho reflita em meu rosto num doce sorriso
que eu me lembro ter dado na infância
porque metade de mim é a lembrança do que fui
a outra metade não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
pra me fazer aquietar o espírito
e que o teu silêncio me fale cada vez mais
porque metade de mim é abrigo
mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta
mesmo que ela não saiba
e que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
porque metade de mim é amore a outra metade também.

3 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]



<< Página inicial