Revirando rotinas.

sábado, 7 de junho de 2008

G ou J?

Li um texto do David Coimbra, colunista da Zero Hora, publicado em 30 de abril, onde ele falava que condena a gramática, não ela em si, mas a forma como é ensinada. Não sei se chego a tanto, mas concordo que aprender inglês é mais fácil que português, embora eu ainda não tenha aprendido direito a língua dos he, she e it. Mas independente de ser a favor ou não, recomendar ou crucificar, tem coisas que não dá para aturar.

Como dói no ouvido escutar um “dá pra mim fazer tal coisa?”. Ai. Isso eu sei desde o colégio, não lembro bem a série, quando eu pedia para a professora para ir ao banheiro e ela dizia que mim não vai a lugar algum e que mim não faz nada. E desde então aprendi. Mas e o “seje” e o “menas”? São outras duas palavras que ficam até feio de uma pessoa dizer.

Esses dias aconteceu um fato engraçado que diz respeito a este assunto. Estava trabalhando e perguntaram de uma pessoa. Era um homem. Respondi que o vi em tal lugar. O indivíduo que me questionou prontamente se voltou a mim e fez outra pergunta. “Ouviu o quê?”. Até eu explicar que focinho de porco não é tomada, foi mais fácil dizer que tinha visto ele em tal lugar e em tal situação.

Um lugar que sempre cuido é no mercado, no setor dos frios. Sempre vejo pessoas pedindo “quinhentas gramas” de queijo ou presunto ou qualquer que seja o item da padaria. Gramas, quando for medida, é uma palavra masculina. Se o funcionário atendesse a risca o pedido do cliente, ia ser no mínimo engraçado ele chegando com um saquinho cheio de gramas, verdes e apetitosas.

Muito já falei da maneira errada também. Aposto que muitas outras coisas falo errado. Só estou colocando estes exemplos porque são do nosso dia-a-dia. Tem duas palavras que sempre me causam dúvidas, o mal e o mau. E confesso que hoje perguntei para o Clayton se era realmente certo dizer “o vi”. Mais uma: “Outro dia vi ela passeando pelo parque”. Como? Uma rua estreita passeando pelo parque?

Voltando ao David (percebam a intimidade), que não é totalmente contra a gramática. Ele até fala que algumas regrinhas básicas são necessárias. Concordo, afinal de contas não basta saber as letras e as palavras, segundo o Miguel, tem que saber acolherar. No Fórum Mundial de Educação em Santa Maria, no Conversas com o Professor, Moacir Gadotti, ao longo de seus 45 anos como educador, falou que o total conhecimento da fala e da escrita se dá com no mínimo 9 anos de estudos. Sendo assim, ele complementa que no Brasil somente 26% da população chega a este patamar.

Embora ler e escrever pareçam coisas primordiais para a vivência de uma pessoa, há muitas outras que nos trazem aprendizado e ensinamentos. Eu aprendi muito com pessoas que mau sabiam escrever ou ler. Nada que um G trocado por J fosse fazer muita diferença.

* só mais uma confissão... não foi só hoje que pedi ajuda ao Clayton. Sempre que me aperto... recorro a ele. E para a mãe do meu namorado, que é professora de português, também.

(publicado em www.claudemirpereira.com.br)

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]



<< Página inicial