Revirando rotinas.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

“Não me venha com chorumelas”.

Como as pessoas têm dificuldade de lidar com certas situações, não é? Ontem, olhando o BBB9, ou melhor, passando os olhos pela televisão presenciei uma briga. Uma briga das feias, com gritos, xingamentos, raiva e choro. Sinceramente, não entendo o motivo de as pessoas brigarem no Big Brother.

Vamos partir do princípio, aquilo é um jogo. Um jogo no qual as pessoas votam e são votadas para que no final reste somente um, sendo este o grande vencedor. Bom, se a sistemática é esta, por que cargas d’água eles ficam bravos quando são votados e quando os agraciados com a escolha dos colegas são seus mais chegados? Chegam a ser ridículas aquelas brigas, isso sem mencionar a criancice do desenrolar da peleia. Homens de, acredito eu, trinta e poucos anos chamando as meninas de “loiras aguadas”. Venhamos e convenhamos, eles já estão lá prestando um papel ridículo, que pelo menos tenham a capacidade de brigar direito.

Pior que isso só as brigas via jornal entre a antiga administração e o novo governo que habita o Centro Administrativo Municipal. Parece que vejo uma inversão de ações. Quem deveria chorar, não está chorando. Concordo plenamente com a Frida (perceba a intimidade!) que falou na última semana sobre estarem acabando os estoques de lenços da cidade de tanto que estes nem tão novos administradores choram. Choro de perdedor, se fosse regra acontecer depois de definidos os eleitos e os depostos, teria que ser dos que saíram, dos que ficaram oito anos trabalhando e tiveram parte deste trabalho interrompido. Não entendo o porquê de tantas lágrimas.

Este mandato iniciou com inúmeras obras em andamento, obras estas que ao final de quatro anos nem será mais lembrado o período em que iniciaram e, com certeza, a maioria da população dará crédito aos que as inaugurarem. É uma triste constatação que não trará mérito algum para os que as planejaram. Só isso já é motivo para diminuírem um pouco o rio de chorumelas.

São tantas as dificuldades que alegam. Um dia é problema com as praças, no outro com a iluminação, com as ruas, com isso e com aquilo. Acredito que se está de mau humor e vai ficar reclamando, nem vai para a festa. Fica em casa, que pelo menos não incomoda ninguém. Minha mãe sempre diz que ficar chorando as pitangas não adianta nada. Big Brother com os eleitos e os depostos não ia ter muita graça, ia ser algo do tipo “34 buracos na Rua do Acampamento. Mal feito”.

Lembrei do personagem da Escolinha do Professor Raimundo: “Não me venha com chorumelas”.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Quem não é possessivo nessa vida, não é?

A Ane é muito engraçada. Ela é a única pessoa que conheço que é tomada por um sentimento de posse do tamanho do mundo. Ela é aquele tipo que quando termina um relacionamento nunca consegue que a decisão seja definitiva no quesito contato. Ela tem que enviar uma carta, um e-mail, dar um telefonema ou mesmo mandar um sinal de fumaça. Cheguei a pensar que fosse por que o desejo de término não era verdadeiro. Mas não, é puro capricho. O que ela quer mesmo é receber uma ligação, um e-mail de resposta ou olhar para o céu e ver algo que represente uma resposta ao seu sinal.

E o pior não é isso. Também cheguei a pensar que ela não atentava para o que fazia, mas ela sabe. Sabe exatamente o que faz e o motivo pelo qual faz. Qual sua resposta? “Eu sei. Meus amores e meus amigos são sempre meus. Até dos inimigos tenho ciúmes”.

Por isso digo que ela é sensacional. Parece aquela mãe pata com seus patinhos caminhando por aí. Ela é possessiva de uma maneira que nunca vi. Mas é uma possessiva do bem. Nada de grupos de apoio para ajudar no desapego de coisas e pessoas. Não. Ela só quer ter sempre os patinhos sob suas asas. E falo isso no sentido maternal ou fraterno que a imagem que me veio à cabeça representou.

Quem não é possessivo nessa vida, não é? Meu cachorro é só meu, minhas canetas ninguém toca e as dos outros eu surrupio descaradamente. Minha mãe e meu pai são mais meus que de minha irmã, levando em consideração o “tempo de uso” e esta mesma irmã não vai para o Planeta Atlântida nem com banda de música.

De resto, não sou muito apegada às coisas, exceto alguns vestidos. Quanto às pessoas, até queria aprender com a Ane a conservar as amizades, tem algumas que foram se perdendo com o tempo, com a vida de gente grande e com os lugares que ficaram nas páginas do diário. Como ela mesma diz, nunca me deixem tomar uma cerveja sozinha como aquele cara ali no canto, por favor.

Preciso rever algumas coisas.

(publicado originalmente em www.claudemirpereira.com.br)