Revirando rotinas.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Calor.

Estou em São Borja desde a noite de sexta-feira, dia 21 de dezembro. Hoje já é segunda-feira, véspera de Natal. Estou apavorada com o calor. Nunca tinha passado tanto calor aqui. Como moro em uma casa desprovida de piscina, a alternativa ontem foi tomar um banho de manga. O calor era tanto que meu dia foi de mau humor. Não sei se foi só o calor, mas o mau humor tomou conta de mim e nem eu me aguentava de tão chata.

Bem no fim acabei estendendo meu péssimo estado de espírito a pessoas que não tinham nada a ver com isso, e muito menos mereciam tal tratamento. Paciência. Hoje continua quente, extremamente quente, dia totalmente desconfortável, não fossem as risadas na hora do mate, antes do almoço. Coisas que só São Borja proporciona.

Até pensei em sair à tarde, ir ao centro ver algumas vitrines, talvez comprar algo. Mas fui na frente de casa e desanimei, já pensei nas filas, nas pessoas aos tapas querendo os últimos presentes, vendedores enlouquecidos. Desisti. Ficarei em casa transitando entre a sala, cozinha e quarto. Definitavamente, eu deveria estar no hemisfério norte nesta época.

* calor infernal...

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Natal.

Há dias tenho prestado atenção nas ruas, nas pessoas e suas atitudes. Me parece que esqueceram do Natal. Não que eu goste da data, mas em anos anteriores via gestos diferentes. Via luzes, papais noéis por aí. Ações de solidariedade. Agora o que vejo são cartazes com liquidações, ofertas imperdíveis e serviços e mais serviços. Não que não existisse, mas é isso, e só isso, que noto.

Será que estão ficando como eu, que não dou atenção para o Natal? A atitude que mais me agradou no período foi uma mensagem que recebi no celular. Minha mãe dizia que lá em casa, em São Borja, todos fazem contagem regressiva para a próxima sexta, dia em que chego em casa, depois de alguns meses. Me comove não a data, mas a espera deles por ela, pela certeza de me ver. Não só a mim, mas outras pessoas queridas.

Família é algo estranho e totalmente inexplicável. Nunca havia estado em mim a vontade de ter uma, mas desde a mensagem recebida, em que pude ver como estou sendo esperada, parei e pensei em um dia também mandar esta mensagem (ou o fazer de uma forma mais evoluída, "tecnologicamente" falando. Só o tempo dirá o que virá) a alguém. Um filho, filha, neto, neta.

Coisa boa é querer ter algo que não se sabe o que é. Bom, mas voltando às ações de solidariedade, eu sempre as via nesta época, mas nunca concordava. Por que as pessoas devem ser boas só no fim de ano? Nos outros meses não existem os que passam fome, que não têm material escolar, brinquedos, roupas, ou o que mais falta a tantos? Não estou tentando culpar ninguém, até porque se fosse para ferir os hipócritas, eu mesma estaria ferida, e de morte. Admito que não busco ser boa o ano todo, muito menos no período final, embora atualmente esteja melhor. Pode ser que esteja cobrando dos outros o que eu não sou e nem tento ser. Penso não, tenho certeza disso.

* A Irmã Lourdes ficaria chocada...
* Vontade de ir, mas uma vontade tão grande de ficar também...

domingo, 16 de dezembro de 2007

Aposta.

Este fim de ano veio com algumas coisas ruins que aconteceram a pessoas próximas que acabaram chegando até mim, me entristecendo e me deixando solidária a elas. Mas este dezembro trouxe outras coisas boas, inesperadas, que ontem me fizeram perder o sono. Mil coisas passaram pela cabeça. Mil dúvidas, medos, alegrias, sorrisos. Juntas somaram 200 mil sentimentos, dos mais variados pesos.

Não quero apostar, como das outras vezes, e perder. Mas minhas fichas já estão na mesa, e o dado está quase sendo arremessado, me deixando sem chance de retirar as apostas. Mas também não sei se quero retirar os pequenos discos coloridos repletos de desejos. De fato, não quero. Se os retirasse não seria eu, a que sempre aposta, mesmo sabendo da possibilidade de perder. A de sempre. Sempre preferindo viver a se omitir.

* façam suas apostas, que eu estou fazendo a minha...

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Lupi.

Ontem foi noite de ouvir música. Fomos na Quinta Musical do Theatro Treze de Maio, onde estava acontecendo uma homenagem ao aniversário da morte de Lupicínio Rodrigues. Atrevo-me a chamá-lo de Lupi pois me identifiquei, ou gostei, não sei, da vida boêmia dele. Com certeza gostaria de tê-lo conhecido. Gostaria de ter colocado meus cotovelos em um balcão, e que as lágrimas invadissem meu rosto neste momento, chorando dores de algum amor.

Gosto da intensidade das letras dele. Sou intensa, eis o motivo. Me encanta o retrato da vida que ele faz. Cada verso cantado, ou declamado, e mesmo em grito, eu imaginava a cena. Na mente fantasias, não minhas, dele que me apoderei por alguns instantes. No mais a noite foi boa, especialmente boa. As companhias ótimas, que valeram a pena qualquer atrapalho, até mesmo o banho de cerveja.

* Fico por aqui...

"A minha casa fica lá de traz do mundo
Onde eu vou em um segundo quando começo a cantar
O pensamento parece uma coisa à toa
mas como é que a gente voa quando começa a pensar"
(Lupicínio Rodrigues)

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Não sei.

Engraçado como as coisas mudam, no espaço de um simples grito, ou de um piscar de olhos. Parece que foi um tempão, parece que foi uma vida, e não passaram de apenas alguns instantes. Aquele companheirismo se foi. Os risos também. E ficou... nem sei se ficou algo. Acho que nem a saudade. O que é pior, porque quando se tem saudade, pelo menos é algo que resta, talvez um fio de esperança, ou a lembrança de algo bom.

Eu queria ver no escuro do mundo, como os Paralamas, não o que os outros querem ver. Eu quero ver alguma coisa para mim. Quero tatear no escuro, aprender a sentir mais, não somente o que os olhos vêem. Quero fechar o olho e não visualizar nada, mas sentir tudo, sentir coisas infinitas... afinal de contas, infinito sempre ganha.

* Não sei.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Mulher.


Mais de uma semana sem escrever aqui, mas foi por uma boa causa. Estava envolvida com o 1º Encontro de Cidades Integradas do Mercosul. Evento interessante pelas participações e pelos debates que aconteceram. O que mais me chamou atenção foi o Encontro de Mulheres, que aconteceu na terça (27). Muito se discutiu sobre a inserção das mulheres nas relações. Na verdade considero meio inadequado falar em inserção, porque as mulheres já estão inseridas, é melhor falar em aceitação, nos governos, na sociedade civil, seja onde for, menos em frente a um fogão.

Mulheres para frente, com opinião, pensando em revolucionar seu mundo e o mundo das que não tem esta coragem. Gravei a fala de uma integrante do Fórum de Mulheres do Mercosul. "Quantas meninas mais teremos que perder para os abortos mal feitos?". Ela defende a legalização do aborto e diz que já fez um, mas porque tinha dinheiro, e questiona quantas mais irão morrer por não ter a "mesma sorte" dela.

Sobre o mesmo tema, lembro de algo que Jeanne me disse ontem. Ela falava sobre a certa estranheza que causamos por nos comportamos, de certa forma, em pé de igualdade com os homens. Sobre falar, sermos práticas, auto-suficientes, donas de si. Talvez um pouco, ou um misto, das que vimos no Encontro. O que eu considero uma coisa boa, por muitos é indicativo de medo, ou reprovação. Tenho um amigo que diz que mulheres como nós morrerão sozinhas, nunca encontrarão alguém que esteja disposto a enfrentar isso. Bom, aí já não é problema meu se as pessoas têm medo ou pensam que vivem no tempo em que as mulheres eram carregadas pelos cabelos.

* Só digo uma coisa, copiando uma música... "eu sinto prazer de ser quem eu sou..."